quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Crítica de O INTERROGATÓRIO na Folha de São Paulo

CHRISTIANE RIERA

CRÍTICA DA FOLHA

Tour de force seria um eufemismo para definir tamanho esforço artístico e físico da montagem de 12 horas de "O Interrogatório", adaptação da peça do dramaturgo alemão Peter Weiss e uma verdadeira "vigília cênica", como definida pelo grupo carioca Centro de Investigação Teatral.

Trata-se de uma reconstituição dos momentos finais do julgamento de Frankfurt (1963 -1965) dos ex-guardas nazistas de Auschwitz. Ocupando parte da plateia, de um lado, os acusados. No canto oposto, as testemunhas. Soltos pelo palco, promotor e advogado. Ao centro, o juiz cara-a-cara com o público, que ouve os relatos envolvendo câmaras de gás, o Zyklon-B, experiências científicas, cercas elétricas e o muro negro. Um time de 40 atores impressiona pela devoção, precisão e, acima de tudo, pelo talento.

Cena da peça "O Interrogatório", em São Paulo



Na dramaturgia de Weiss, o esperado. Uma mistura de transcrição tecnocrata com narrações de comoção única sobre os detalhes da rotina de crueldade inarrável em um campo de extermínio. Na leitura do diretor Eduardo Worzik, uma surpresa. Palco e plateia se fundem, transformando o teatro em tribunal.

O texto ganha caráter ritualístico quando, depois de 5 horas, os depoimentos começam a se repetir, apontando para uma circularidade infinita além da sensação de que estamos, de fato, em uma reunião de cunho social-religioso em que propósito é realmente velar eventos trágicos.

Às 6 da manhã, por volta de apenas 10 pessoas na plateia, insones sob o efeito desta oratória estonteante. Com a saída dos atores, um silêncio retumbante.

Das trevas do teatro, algo grandioso e indecifrável, que também abarca os hutus em Burundi, os tutsis na Ruanda ou ainda os timorenses e os haitianos e outros inúmeros descaminhos jamais desvendados da humanidade. E ecos distintos da já folclórica frase de Joseph Conrad: "O horror! O horror!"

Uma reflexão sobre O INTERROGATÓRIO, a partir do olhar de um espectador

Que “o campo” ainda sobrevive, eis aquilo de que não devemos nos lembrar, se a vida puder se perder na ficção. E se é assim que temos vivido, haveria ainda espaço para a resistência? “O Interrogatório” não pretende discutir essa questão. Simplesmente instaura um espaço privilegiado de resistência.

É magnífica a forma como a peça instaura a repetição em diversos níveis. Parece fundamental que se reconheça na própria racionalidade do processo em andamento a perpetuação daquilo que se pretende condenar. Algo que aparece do modo mais claro na figura do advogado de defesa, cuja atuação ambígua só pode escapar ao desespero ao nos remeter sempre de volta à lei. Essa mesma lei em nome da qual apenas cumprimos o regulamento, pretendendo escapar, com isso, à dimensão ética de nossos atos.

Mas há ainda uma dimensão silenciosa, quase subterrânea, de encenação dessa triste verdade. Há a personagem que fica transitando com uma pasta, de onde eventualmente retira papéis a serem assinados pelo juiz. Figura que aparece como um olhar onisciente, que se move de modo irrestrito por todas as dimensões do espaço público, supervisão atenta de tudo o que se passa nesse espaço. Podemos reconhecer nela uma espécie de encarnação da instância superior à qual todos sempre poderão se remeter ao pretenderem justificar seus atos em nome da lei. Uma espécie de encarnação da própria Instituição, que não enuncia ordens a ninguém, mas configura o campo no interior do qual a lei pode vigorar. Inscrita do outro lado da Instituição, temos a servente mansa, calada, obediente, impotente e, acima de tudo, encarnação do ponto onde a resistência se torna impossível. Lugar onde a única alternativa é estar em acordo com as próprias coordenadas que a destituem de qualquer liberdade. Figura dócil que se molda de acordo com seu papel, como todos os outros. Atualização cínica do espetáculo.

Em contrapartida, podemos reconhecer na figura de outra personagem sem voz alguns dos pontos cegos da lei, que se constituem como lugares onde a resistência se torna possível. Possível, mas às vezes inexistente, como é o caso da figura da faxineira. Embora seja uma serviçal, sua conduta não se ajusta sempre às regras. Sem uniforme, trata-se da única personagem que, em alguns momentos da peça, sobe ao palco pelo centro, sem usar as escadas laterais. Um pouco como se estivesse na borda da lei - às vezes com ela, outras fora dela. Em todo caso, está em cena. Onde quer que se configure um espaço de liberdade no interior da lei, ali ela poderá habitar. Como quando se diverte cantarolando e comendo com as testemunhas, num intervalo do julgamento. Ela é a própria encarnação do intervalo, da ruptura, da fronteira. Seu poder subversivo reside precisamente nisso: habita o interstício.

Mas há também aquele que está na sombra, fora de cena. Lugar da memória, inscrevendo nomes nas paredes. Como se fosse ele que, justamente estando fora da história, pudesse contá-la, ainda que a única maneira pela qual se pudesse fazer isso fosse a repetição daquilo de que ainda não escapamos. Seria equivocado dizer que ele não tem voz, pois sempre aparece com a música. É ele o artista, aquele que aponta para um outro horizonte possível. Tudo se passa como se toda peça a que estamos assistindo emanasse dessa figura. É ele quem nos lembra durante a peça, como não deveremos esquecer ao sair, que o ator está condenado, n’O Interrogatório, a permanecer na única posição ética possível. Somente o público pode descansar, ou nem mesmo estar lá pra ver... Algo que lembra as palavras de Plínio Marcos, de que o talento do ator é muito mais uma condenação do que uma dádiva. Nunca isso foi levado tão a sério.

O teatro, então, pode nos aparecer como uma estratégia de resistência realmente possível. E enquanto o público se cansar, os atores não poderão descansar. Repetir sempre, e quando houver exaustão, que se repita ainda outra vez. Enquanto alguém puder dizer “eu não me lembro”, enquanto alguém puder perguntar, atônito, se “não houve resistência?”, que o tribunal permaneça aberto. Até que não seja mais possível esquecer.

Pois devemos nos aproximar de “O interrogatório” colocando a questão de modo inverso: o que acontece quando a ficção se torna realidade?


Beto.

Matérias sobre O INTERROGATÓRIO em São Paulo

Em entrevista, o diretor Eduardo Wotzik fala da paixão pela obra de Weiss e sobre a complexidade (e vontade) de levantar um projeto desta magnitude. Acesse o link:

http://www.agentesevenoteatro.com.br/entrevista/index/135/6/o-interrogataori



Reportagem do ESTADÃO do dia 22/11/10:

http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20101126/not_imp645352,0.php



Matéria do DIÁRIO DO COMÉRCIO (26/11/10):

http://www.dcomercio.com.br/materia.aspx?id=57142&canal=50

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

1938: O pogrom da "Noite dos Cristais"


No dia 9 de novembro de 1938, agentes nazistas à paisana assassinaram 91 judeus, incendiaram 267 sinagogas, saquearam e destruíram lojas e empresas da comunidade e iniciaram o confinamento de 25 mil judeus em campos de concentração.

Aquela que ficaria conhecida no próprio jargão nazista como a "noite dos cristais quebrados" marcou o início do Holocausto, que causou a morte de seis milhões de judeus na Europa até o final da Segunda Guerra Mundial.

A "Noite dos Cristais" (Kristallnacht ou Reichspogromnacht), de 9 para 10 de novembro de 1938, em toda a Alemanha e Áustria, foi marcada pela destruição de símbolos judaicos. Sinagogas, casas comerciais e residências de judeus foram invadidas e seus pertences destruídos.


Série de proibições aos judeus

Milhares foram torturados, mortos ou deportados para campos de concentração. A justificativa usada pelos nazistas foi o assassinato do então diplomata alemão em Paris, Ernst von Rath, pelo jovem Herschel Grynszpan, de 17 anos, dois dias antes.

A perseguição nazista à comunidade judaica alemã já havia começado em abril de 1933, com a convocação aos cidadãos a boicotarem estabelecimentos pertencentes a judeus. Mais tarde, foram proibidos de freqüentar estabelecimentos públicos, inclusive hospitais.

No outono europeu de 1935, a perseguição aos judeus, apontados como "inimigos dos alemães", atingiu outro ponto alto com a chamada "Legislação Racista de Nurembergue". Enquanto o resto do mundo parecia não levar o genocídio a sério, Hitler via confirmada sua política de limpeza étnica.


Trajetória para o holocausto já havia sido aberta

Uma lei de 15 de novembro de 1935 havia proibido os casamentos e condenado as relações extraconjugais entre judeus e não-judeus. Havia ainda a proibição de que não-judeus fizessem serviços domésticos para famílias judaicas e que um judeu hasteasse a bandeira nazista.

Ainda em 1938, as crianças judias foram expulsas das escolas e foi decretada a expropriação compulsória de todas as lojas, indústrias e estabelecimentos comerciais pertencentes a judeus. Em 1º de janeiro de 1939, foi adicionado obrigatoriamente aos documentos de judeus o nome Israel para homens e Sarah para mulheres.

A proporção da brutalidade do pogrom de 9 de novembro foi indescritível. Hermann Göring, chefe da SA (Tropa de Assalto), lamentou "as grandes perdas materiais" daquele 9 de novembro de 1938, acrescentando: "Preferia que tivessem assassinado 200 judeus em vez de destruir tantos objetos de valor!"

Doris Bulau



Texto enviado por Yashar Zambuzzi

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Interrogações



Ao comentar um livro sobre o teatro contemporâneo, o antigo diretor, já aposentado, Gerald Thomas, prosseguiu em sua cantilena autorreferente, segundo a qual o teatro está morto ou sobrevive se autocopiando de maneira nauseante. Gostamos dessa consciência crítica ou autocrítica mas, para o espectador de teatro, cabe o espetáculo de pesquisa de linguagem, mas também aquele que, fundado em um texto importante, sirva apenas de veículo para a sua locução adequada. Afinal, conforme disse o extinto diretor, o teatro é uma arte para poucos e, se tem sua contribuição na mudança das referência culturais e nas decisões políticas individuais e coletivas, ela pode vir das mais variadas formas, à parte os empreendimentos meramente comerciais que nada tem a oferecer ao teatro como arte, e apenas repetem ao público conservador aquilo que ele quer e está preparado para ouvir e ver.


Depois do preâmbulo, a razão: a representação, por 6 horas consecutivas, da peça de Peter Weiss, O INTERROGATÓRIO, dirigida por Eduardo Wotzik, nada além da transposição do menos célebre Julgamento de Frankfurt (comparado com o de Nurenberg), ocorrido em 1965, que se ocupou de figuras menores mas atuantes no campo de concentração de Auschwitz, de triste e global memória.

Temos um juiz no centro do palco atrás de sua mesa; à sua direita, outra mesa com sua cadeira, ocupadas sequencialmente por testemunhas de acusação; pelo palco, circulam o advogado de defesa, o promotor e funcionários da Justiça; na própria platéia, nas primeiras fileiras da esquerda e direita, acusados e testemunhas de acusação (sobreviventes do campo de concentração).

A rigor, não é um espetáculo teatral, mas uma transposição, para o palco, das sessões de julgamento, onde o espectador ouve os agentes envolvidos a debater responsabilidades e conivências dos envolvidos. Relatam-se fatos - para uns, para outros (os acusados, é claro) injúrias ou interpretações errôneas. A defesa dos acusados é padronizada: nada viram, de nada sabiam ou, se estiveram um dia no pátio de execuções ou diante dos fornos crematórios, foi apenas uma única vez e porque cumpriam ordens. Cumprir ordens: alguém pode ser culpado por isso? Sim, eram ordens horrendas, mas poderíamos realmente questionar as razões de Estado? As testemunhas, coincidentemente, só o foram porque um dia estiveram diante dos fatos mas, na maioria das vezes, demorou a reconhecer o que realmente era o campo de Auschwitz. A fome e a fraqueza decorrentes, mais as contínuas torturas, impediram qualquer ação de resistência.

Evidentemente, os atores estão em um palco representando seus papéis. É teatro, mas decupado dos maneirismos da arte. O realismo tende ao absoluto, restando claro as espectador que, como o julgamento não é real, sobrevive o jogo teatral, mas como exposição das razões e desrazões que constituíram um dos pontos culminantes da barbárie humana, não somente contra judeus, mas também contra comunistas, homossexuais, ciganos, poloneses, russos... Novamente vemos o Estado Nazista como exemplar em sua organização detalhada com objetivos genocidas. Disso resulta o comprometimento frio do cidadão alemão com um programa bem articulado e de execução factível, além de urgente e necessária. Teatro também pode nos por diante das matérias do dia e das de sempre; pode ser experimental, mas pode restringir-se ao realismo possível. Será sempre teatro.

De O INTERROGATÓRIO, que acompanhamos por todas as 6 horas sem cansaço e quedas de interesse, ficam inúmeras interrogações, mas vale um depoimento de um dos testemunhos, segundo o qual o fato de que de um lado estavam alguns cidadãos despojados de seus direitos e de outro aqueles que representavam a legitimidade e legalidade dos direitos enquanto atribuídos pelo Estado Nazista, não passou de fatalidade, pois os papéis seriam intercambiáveis. Somos todos seres humanos, e nenhum de nós está isento de ser um dia vítima, no outro algoz: as condições de produção da barbárie persistem e integram a todos em seu caldo cultural de racismo, xenofobia, homofobia, machismo, feminismo e todos os demais ismos devotados, sobretudo, ao poder, e este à imposição de princípios contra os quais apenas os degenerados lutam, segundo seu próprio ponto de vista, que pode ser o dos nazistas, dos judeus, dos homens, das mulheres, homossexuais, negros, comunistas, liberais, religiosos, e por aí vamos, lista infinita. Ou seja, os inocentes não são personagens históricos e, como tais, não pisam no palco (ou na platéia) do teatro.
 
 
 
Escrito por
RACHEL NUNES

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Entrevista com o diretor Eduardo Wotzik

A entrevista que o diretor Eduardo Wotzik concedeu ao site Central 111, assim como algumas cenas de O INTERROGATÓRIO, podem ser vistas através do link

http://www.central111.com/foco.html

sábado, 20 de março de 2010

Nova temporada de O INTERROGATÓRIO

Com direção de Eduardo Wotzik, O INTERROGATÓRIO volta à cena para uma curta temporada, de 26 de março a 18 de abril. O público carioca vai poder acompanhar e observar o espetáculo a partir das 18hs até a meia-noite, sempre às sextas, sábados e domingos, no Teatro da Casa de Cultura Laura Alvim - Ipanema - Rio de Janeiro.
Serão doze noites de resistência. De denúncia. De amor ao teatro, à arte, à ética, à vida. Doze encontros.
Quarenta atores relatam os últimos dias do Julgamento de Frankfurt. Setenta e duas novas horas de reflexão sobre os horrores aos quais somos passíveis. Tudo isso abrigado numa Casa de Cultura. Tudo isso sob o olhar atento de Laura Alvim. 
Um novo formato de peça, que dá ao espectador a liberdade de poder entrar, assistir, sair e voltar quando quiser.
Venha e traga sua família!

terça-feira, 16 de março de 2010

Irena Sendler morreu... sabes quem era?

Irena Sendler

Uma senhora de 98 anos chamada Irena acabou de falecer.

Durante a 2ª Guerra Mundial, Irena conseguiu uma autorização para trabalhar no Gueto de Varsóvia, como especialista de canalizações.

Mas os seus planos iam mais além... Sabia quais eram os planos dos nazis relativamente aos judeus (sendo alemã!)

Irena trazia meninos escondidos no fundo da sua caixa de ferramentas e levava um saco de sarapilheira, na parte de trás da sua camioneta (para crianças de maior tamanho). Também levava na parte de trás da camioneta, um cão a quem ensinara a ladrar aos soldados nazis quando entrava e saia do Gueto.
Claro que os soldados não queriam nada com o cão e o ladrar deste encobriria qualquer ruido que os meninos pudessem fazer.
Enquanto conseguiu manter este trabalho, conseguiu retirar e salvar cerca de 2500 crianças.
Por fim os nazis apanharam-na e partiram-lhe ambas as pernas e os braços e prenderam-na brutalmente.

Irena mantinha um registro com o nome de todas as crianças que conseguiu retirar do Gueto, que guardava num frasco de vidro enterrado debaixo de uma arvore no seu jardim.
Depois de terminada a guerra tentou localizar os pais que tivessem sobrevivido e reunir a familia. A maioria tinha sido levada para as camaras de gás. Para aqueles que tinham perdido os pais ajudou a encontrar casas de acolhimento ou pais adotivos.
No ano passado foi proposta para receber o Prêmio Nobel da Paz... mas não foi selecionada. Quem o recebeu foi Al Gore por uns diapositivos sobre o Aquecimento Global

Não permitamos que alguma vez, esta Senhora seja esquecida!!
















E-mail enviado por Noni Levinson.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Placa roubada retorna ao local de origem

A placa original, com a inscrição "Arbeit macht frei" (O trabalho liberta), roubada do portão de entrada do antigo campo de concentração Auschwitz I em dezembro de 2009, retornou hoje ao Memorial de Auschwitz. O trabalho de restauração, que será realizado no laboratório do museu, durará alguns meses. De acordo com a chefe do Departamento de Preservação, Jolanta Banaś Maciaszczyk, o trabalho de restauração com certeza será bem sucedido.

Dr. Piotr M.A. Cywiński, Diretor do Museu de Auschwitz e Jolanta Banaś Maciaszczyk, chefe do Departamento de Preservação. Foto: Paweł Sawicki
© Auschwitz-Birkenau State Museum

Fonte: Perfil do Museu de Auschwitz no Facebook

domingo, 17 de janeiro de 2010

Fragmentos de História - Parte 4

No dia 17 de janeiro de 1945, 67.012 prisioneiros e prisioneiras do complexo de Auschwitz se apresentaram para a última chamada do turno da noite. A evacuação do campo estava prestes a começar. No mesmo dia, o médico Josef Mengele (foto) tratou de liquidar com sua base de experimentos médicos em Birkenau, levando consigo todas as provas de suas experiências com gêmeos, anões e pessoas incapacitadas. A queima de documentos continuou, incluindo o arquivo do hospital do campo principal.


Dr. Josef Mengele



Fonte: Perfil do Museu de Auschwitz no Facebook
Tradução: Thiago Magalhães

Novela "Viver a Vida" - 15 de janeiro de 2010

Depoimento da sobrevivente do holocausto Hertha Spier, exibido no fim do capítulo da última sexta-feira.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Fragmentos de História - Parte 3

No dia 13 de janeiro de 1943, três trens transportando judeus chegaram a Auschwitz. Das 1.210 pessoas de Berlim, 127 homens foram registrados. 1.083 pessoas foram mandadas às câmaras de gás. Dos 750 judeus holandeses, 88 homens e 101 mulheres foram registrados. 561 morreram com gás. Cerca de 2.000 pessoas foram deportadas do gueto de Zambrów. Depois da triagem, 148 homens e 50 mulheres foram registrados, e cerca de 1.802 pessoas foram mortas nas câmaras de gás.

 
Crematório V - Auschwitz-Birkenau

Fonte: Perfil do Museu de Auschwitz no Facebook
Tradução: Thiago Magalhães
 








Protetora de Anne Frank morre aos 100 anos

A principal protetora da menina judia Anne Frank e sua família, Miep Gies, morreu nesta segunda-feira (11), aos 100 anos, na Holanda. Miep Gies era a única sobrevivente do pequeno grupo de pessoas que conheciam o esconderijo onde os Frank viveram por dois anos, em Amsterdã, na Holanda, durante a Segunda Guerra Mundial.

Gies era secretária do pai de Anne Frank, Otto, e ajudou sua família e outras quatro pessoas a se manterem escondidas dos nazistas, levando comida, jornais e outros mantimentos, de 1942 a 1944.



Miep Gies exibe livro de memórias de Anne Frank. Foto de 1988.

Depois que uma denúncia anônima levou os alemães à descoberta do esconderijo e à prisão dos Frank e seus companheiros, Gies encontrou no local o diário e outras anotações de Anne, cujo conteúdo virou um dos livros mais lidos do mundo.

Em uma entrevista em fevereiro de 2009, Miep Gies disse que não merecia toda a atenção dada a ela e lembrou que outras pessoas fizeram muito mais para proteger os judeus holandeses durante a Segunda Guerra.

Gies virou uma espécie de "porta-voz" dos Frank, viajando pelo mundo para falar de Anne e para fazer campanha contra a negação do Holocausto e contra boatos de que o diário teria sido inventado.

Nunca se descobriu quem fez a denúncia anônima sobre o esconderijo.

Anne Frank morreu de tifo no campo de concentração de Bergen-Belsen poucos meses antes do fim da guerra. Seu pai foi o único da família a sobreviver.

Junto com Gies, ele compilou as anotações da filha em um livro que foi publicado em 1947. A obra foi traduzida para vários idiomas e vendeu dezenas de milhares de cópias até hoje.
  


Fonte: BBC Brasil

domingo, 10 de janeiro de 2010

Ex-líder neonazista admite envolvimento no roubo da placa de Auschwitz


ESTOCOLMO — Um ex-dirigente neonazista de nacionalidade sueca, suspeito de ter participado no roubo do letreiro em alemão "O trabalho nos torna livre" do ex-campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau, admitiu nesta sexta-feira seu envolvimento nos fatos.

Anders Hogstrom, 34 anos e fundador e diretor de 1994 a 1999 da Frente Nacional-Socialista, principal partido neonazista sueco, admitiu que foi convidado a atuar como intermediário para vender o letreiro "Arbeit macht frei", roubado em 18 de dezembro passado, mas que, por fim, alertou a polícia polonesa sobre o roubo: "'Me disseram que havia uma pessoa disposta a pagar vários milhões de coroas suecas pelo letreiro", contou ao tabloide Aftonbladet.
          
Segundo ele, foi graças a um alerta seu que a polícia conseguiu recuperar a inscrição, que foi encontrada alguns dias mais tarde, partida em três pedaços. Cinco poloneses foram detidos por envolvimento no roubo:           "Estou orgulho por ter revelado à polícia e acabado com essa história", acrescentou.

Indagada pela AFP, uma porta-voz da polícia de Cracóvia desmentiu esta versão: "A ligação telefônica da Suécia aconteceu quando já estávamos prendendo os ladrões", segundo a porta-voz.

No final de 1999, Anders Hogstrom se distanciou do nazismo, convertendo-se num arrependido modelo, indicou tabloide sueco.

Os cinco detidos, que têm idades que variam de 20 a 40 anos, podem pegar penas de até dez anos de prisão.

A histórica inscrição será restituída ao Museu de Auschwitz tão logo seja possível e antes do 65º aniversário da libertação do campo pelo Exército soviético em 27 de janeiro de 1945.

A placa com a frase em alemão simboliza, para a maioria, o cinismo sem limites da Alemanha nazista.
         
"Arbeit macht frei" figurava na entrada dos campos de Dachau, Gross-Rosen, Sachsenhausen, Theresienstadt, Flossenburg e Auschwitz, o maior de todos os campos de extermínio. Fabricada em julho de 1940 por um prisioneiro polonês, o ferreiro Jan Liwacz, a inscrição de Auschwitz é de aço, mede cinco metros e tem uma particularidade: a letra B da palavra Arbeit está invertida. Segundo uma interpretação perpetuada pelos sobreviventes, o B invertido simbolizava insubmissão e a resistência à opressão nazista, explicou Sawicki. Quando, em 27 de janeiro de 1945, o Exército soviético libertou Auschwitz, a inscrição foi desmontada e ia ser levada para o Leste de trem. No entanto, Eugeniusz Nosal, um prisioneiro polonês recém-libertado, subornou um guarda soviético com uma garrafa de vodca para recuperá-la. Escondida durante dois anos na prefeitura de Oswiecim (nome polonês do campo de Auschwitz), a inscrição voltou a seu lugar original em 1947, quando o campo de extermínio virou museu e memorial.

Fonte: Blog holocausto-doc

Fragmentos de História - Parte 2

Bloco 11
Foto extraída do site en.auschwitz.org.pl

Em 9 de janeiro de 1943, no começo da tarde, o prisioneiro tcheco Georg Zahradka ou Zacharatka fugiu do campo principal de Auschwitz. A caçada realizada por 250 homens das SS e por 200 capos começou ao meio-dia.A operação só foi interrompida por causa da escuridão. À meia-noite, 3 SSs capturaram o fugitivo perto da torre de vigilância 26. O prisioneiro foi preso e levado ao bloco 11. Ele foi executado com um tiro depois de uma seleção realizada no bloco 11, a 14 de janeiro de 1943.

Fonte: Perfil do Museu de Auschwitz no Facebook
Tradução: Thiago Magalhães


quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Fragmentos de História



Em 6 de janeiro de 1945, quatro prisioneiras judias foram enforcadas no campo feminino de Auschwitz: Ella Gartner, Róża Robota, Regina Safir e Estera Wajsblum (na foto, antes da guerra). Elas foram condenadas à morte porque participaram do levante que ocorreu em 7 de outubro de 1944, na área dos Sonderkommando, em Auschwitz-Birkenau. Elas muniram os Sonderkommando com explosivos e munição vindos dos depósitos do Weichsel-Union-Metallwerke, onde três das mulheres trabalhavam.


A execução teve dois estágios. Duas das mulheres foram enforcadas durante a chamada da noite, na presença dos prisioneiros e prisioneiras que trabalhavam no turno da noite no Weichsel-Union. As outras duas foram enforcadas depois da chegada dos prisioneiros do turno do dia. A razão para a sentença foi lida pelo comandante do campo de Auschwitz, SS-Hauptsturmführer Franz Hössler. Ele gritava que todos os traidores seriam destruídos daquela maneira. Foi a última execução em Auschwitz.


Fonte: Perfil do Museu de Auschwitz no Facebook 

Novo nome para o campo de concentração Auschwitz-Birkenau



O Comitê do Patrimônio Mundial da UNESCO em debates na Nova Zelândia decidiu sobre a mudança do nome do antigo campo de concentração Auschwitz-Birkenau. De acordo com a proposta apresentada pelo governo polonês, o nome oficial do campo é “Auschwitz-Birkenau -Campo de concentração e extermínio da Alemanha nazista (1940-1945)”.

O Campo de concentração e extermínio alemão-nazista Auschwitz-Birkenau, foi o maior campo criado pelos alemães na época da II Guerra Mundial. É o único campo da morte inscrito na Lista do Patrimônio Mundial da UNESCO.

A proposta do governo polonês para a mudança do nome atual do campo de concentração Auschwitz-Birkenau, foi anunciado pelo Ministério da Cultura e Patrimônio Nacional, e foi uma reação contra a freqüência cada vez maior nos meios de comunicação numa insistência mentirosa, sugerindo ou diretamente chamando os antigos campos hitleristas de “campos poloneses de extermínio”.

Ratificado pela UNESCO, o novo nome tem por objetivo apresentar a verdade histórica sobre o real caráter do campo, precisamente relacionando o local ao regime nazista na Alemanha.

O novo nome também tem função educativa para a nova geração, especialmente no exterior.




Fonte:
www.consuladopoloniasp.org.br