“É difícil, até mesmo para eu dizer. Mas eu vi tudo pessoalmente. Somente os médicos davam a ordem para aplicar o gás. Eu mesmo vi homens da SS que estavam envolvidos nas operações com o gas chorarem. E para eles o Dr. Menghele dizia: Vocês TÊM que fazer isso! Uma vez ele disse isso para um homem que tinha lágrimas no olhos e ele aplicou o gá e imediatamente tirou o chapéu. Eu vi isso. Eu estava lá.”
"A única coisa que eu peço é que se pense naquela multidão que nos viu sendo arrancados de nossas casas e carregados em vagões de gado. Os acusados deste processo são apenas executores, o último elo de uma cadeia. Já outros acima deles nunca tiveram que prestar contas perante este ou qualquer outro tribunal. Alguns compareceram como testemunhas. Eles vivem como pessoas honestas. Eles assumem cargos de alta responsabilidade. Eles aumentam seus ordenados e continuam a trabalhar para as mesmas indústrias onde os presos do Campo trabalharam até a morte."
“Eu fui descobrindo que Boger era um assassino frio. Passei anos tentando me livrar da culpa de ter sido protegida por ele. Como é possível digerir que o homem que salvou minha vida seja responsável por tantas atrocidades contra outras vidas...”
“Boger me deu ordem para comer, mas eu não podia porque estava algemado. Então ele esfregou o prato na minha cara. Tive que engolir os arenques. Estavam tão salgados que eu vomitei. Eles me obrigaram a comer de novo meu vômito e o resto dos arenques.”
"'O Senhor, sem negar os erros humanos, admite que o homem erra em sua aspiração infinita, "Es irrt der Mensch solang’ er strebt"(327) (GOETHE 2004: 54)6 mas, a boa alma, em seu ímpeto obscuro, está instintivamente consciente do caminho certo.'
Não me julguem, não me peguem pra Cristo, me deixem em Paz! Eu servi a minha pátria,ao meu povo. É difícil entender isso? Tudo que se fazia estava de acordo com as leis. É preciso que se esclareça isso. Infelizmente perdemos o hábito de pensar, outros pensavam por nós."
O termo Julgamentos de Nuremberg (oficialmente Tribunal Militar Internacional vs. Hermann Göring) aponta inicialmente para a abertura dos primeiros processos contra os 24 principais criminosos de guerra da Segunda Guerra Mundial, dirigentes do nazismo, ante o Tribunal Militar Internacional (TMI) ("International Military Tribunal" IMT) em 20 de novembro de 1945, na cidade alemã de Nuremberg.
Após estes julgamentos, foram realizados os Processos de Guerra de Nuremberg, que também levam em conta os demais processos contra médicos, juristas, pessoas importantes do Governo entre outros, que aconteceram perante o Tribunal Militar Americano e onde foram analisadas 117 acusações contra os criminosos.
Acusados e suas penas
O tribunal de Nuremberg decretou 11 condenações à morte, 3 prisões perpétuas, 2 condenações de 20 anos de prisão, uma de 15 e outra de 10 anos. Hans Fritzsche, Franz von Papen e Hjalmar Schacht foram absolvidos.
Ao assumir o poder em janeiro de 1933, Adolf Hitler começou a montar um sistema ditatorial caracterizado pela repressão a quem não lhe fosse conveniente, pela perseguição aos judeus e pela expansão militar e territorial.
A partir de 1930, o movimento nazista de Adolf Hitler cresceu, aproveitando-se do descontentamento popular com as crises econômica e política. O Partido Nacional-Socialista (NSDAP) era antidemocrático, anti-semita e de um nacionalismo exaltado. Com uma pregação pseudo-revolucionária, tornou-se a maior força política em 1932. Com a demissão de Franz von Papen, o último chanceler da República de Weimar, o presidente Hindenburg chamou Hitler para constituir o novo governo.
Nomeado chanceler do Reich em 30 de janeiro de 1933, Hitler, que considerava o cargo apenas um passo para a tomada do poder absoluto, começou imediatamente a montar um sistema ditatorial. Desfez-se rapidamente dos aliados que permitiram sua ascensão, reservando-se plenos poderes. Através de uma lei aprovada pelos partidos burgueses, proibiu todas as agrupações políticas, com exceção do seu NSDAP. O Partido Social Democrata e o Partido Comunista foram dissolvidos, e os demais, forçados à autodissolução.
O incêndio do prédio do Reichstag (Parlamento), em 27 de fevereiro de 1933, foi logo atribuído aos comunistas .Isso serviu de pretexto para a aprovação de leis que revogaram direitos fundamentais dos cidadãos, puseram fim à liberdade de imprensa e desmantelaram os sindicatos, principal esteio dos movimentos sociais contrários ao nacional-socialismo.
Repressão e anti-semitismo
A partir de então, não havia instância policial ou estatal capaz de conter os distúrbios e agressões das SA, as temidas milícias paramilitares do Partido Nacional-Socialista (literalmente, o nome original, Sturmabteilung, significaria Divisão de Assalto). O esquadrão comandado por Heinrich Himmler, a SS (curto para Schutzstaffel, ou Esquadra de Proteção), começou a sedimentar sua posição especial no aparato repressivo.
Qualquer tentativa de resistência era brutalmente sufocada. O regime perseguia impiedosamente não só adversários políticos – a começar por comunistas e social-democratas –, como todas as pessoas que não eram do seu agrado. Milhares foram presas e, sem qualquer processo judicial, internadas em campos de concentração construídos da noite para o dia.
Mal tomara o poder, o regime começou a pôr em prática seu programa anti-semita. Passo a passo, os judeus foram despidos de seus direitos individuais e civis, proibidos de exercer a profissão, limitados em seu direito de ir e vir, expulsos de universidades, agredidos, forçados a entregar ou vender empresas e propriedades. Quem podia, tentava fugir para o exterior para escapar das expoliações, injustiças e vexações.
A perseguição política e a ausência de liberdade de expressão e informação levaram milhares de pessoas a abandonar o país. A emigração forçada de intelectuais, artistas e cientistas de renome representou uma perda irreparável para a vida cultural da Alemanha.
Relembrando os crimes do nazismo, o Bundestag vota leis pró-semíticas. Mas debate foi também ocasião para mesquinharia e politicagem partidária entre conservadores e esquerdistas.
Em memória dos chamados "Pogroms de Novembro", o Bundestag aprovou nesta terça-feira (04/11) diversas iniciativas para incentivo à vida judaica e combate ao anti-semitismo na Alemanha. Entre elas, está a introdução de um relatório sobre o tema, a ser apresentado a intervalos regulares.
Oradores de todos os partidos exigiram uma postura decidida contra as diferentes manifestações do anti-semitismo. Os deputados reconheceram tratar-se de um grave problema social, ainda hoje, e saudaram o novo desabrochar da vida judaica no país.
Mais espaço para temas judaicos
O debate parlamentar transcorreu às vésperas dos 70 anos dos Pogroms de Novembro – também eufemisticamente denominados "Noite de Cristal do Reich". Na noite de 9 para 10 de novembro de 1938, os nazistas atearam fogo a 1.400 sinagogas e casas de oração na Alemanha e na Áustria, devastaram 7.500 negócios e prédios residenciais de judeus, além de assassinar 1.400 pessoas e maltratar milhares. Pelo menos 30 mil judeus foram deportados para campos de concentração.
No documento aprovado pela câmara baixa do Parlamento alemão, as diferentes bancadas instaram o governo federal a promover a apresentação regular de um relatório formulado por "um grêmio de peritos composto por pesquisadores e pessoas ligadas à prática".
Outra meta é que "os currículos escolares sejam ampliados com temas sobre a vida e a história judaica, assim como sobre Israel contemporâneo". Projetos-modelo de valor comprovado no combate ao anti-semitismo deverão ser financiados. Além disso, cabe comprovar se os programas federais existentes garantem proteção suficiente às vítimas de atos anti-semíticos.
Nobres princípios e mesquinharia partidária
De forma inesperada, a sessão do Bundestag foi marcada por desavenças entre os partidos conservadores CDU e CSU (União Democrata Cristã e Social cristã) e A Esquerda. Entre estocadas ideológicas e em tom nem sempre elegante, estas ameaçaram roubar o foco do verdadeiro tema dos debates, sobre o qual as opiniões eram, em princípio, unânimes.
O deputado da CSU Hans-Peter Uhl falou da tentativa bestial dos nazistas de eliminar a vida judaica através do assassinato de milhões, ressaltando, contudo, que o anti-semitismo "não é um capítulo encerrado". O social-cristão apontou para o anti-semitismo disfarçado da extinta Alemanha comunista (RDA) e para as críticas a Israel por certos políticos do partido A Esquerda, as quais repetiriam clichês fatídicos.
Exemplos atuais
O social-democrata Christian Arendt taxou as observações de Uhl de mesquinhas. Arendt detectou um "novo anti-semitismo", chamando a atenção para os 1.541 atos contra judeus registrados no país em 2007. A presidente da bancada parlamentar verde, Renate Künast, recordou que houve déficits na elaboração do passado em toda a Alemanha.
"Eles ocorreram tanto na RDA como na jovem república Federal da Alemanha. E quem critica uma, sem citar a outra, Senhor Uhl, não é digno de crédito." Künast evocou ainda a recente agressão contra um rabino e seus alunos, na última semana, em Berlim.
Gabriele Fograscher, do Partido Social Democrata (SPD), lamentou a "atitude indigna" da CDU/CSU, acusando os conservadores de agirem em nome de interesses meramente partidários. Ela se pronunciou pela ampliação e zelo de instituições acadêmicas, culturais e sociais judaicas.
Segundo Christine Köhler, da CDU, os eventos do passado obrigam a "não reagir com susto e silêncio, mas sim levantar-se e dizer 'nunca mais, muito menos na Alemanha'". A "úlcera do anti-semitismo" continua se desenvolvendo, sendo, portanto, preciso combatê-la, instou a democrata-cristã.
No dia 29 de março de 1933, a direção da UFA (produtora alemã de filmes) demitiu funcionários judeus, causando o segundo grande êxodo de artistas alemães para o exterior.
"A arte é livre e deve continuar livre, mas tem de se adaptar a certas normas!" Esta frase foi dita pelo ministro da Propaganda de Hitler, Joseph Goebbels, pouco depois da ascensão dos nazistas ao poder, num pronunciamento a lideranças da produção cinematográfica alemã. Não demorou para que as "normas" ficassem claras: a demissão de trabalhadores de origem judaica e de todos que não concordassem com o regime.
Logo depois do discurso, Goebbels conversou com Ludwig Klitysch, o diretor da principal produtora alemã, a Universum Film AG (UFA). Pouco tempo depois, a empresa demitiu seus funcionários judeus, obrigando-os a procurar emprego além-mar para fugir da perseguição nazista.
A serviço do regime
Entre os atingidos estavam Erik Charell, diretor do filme Der Kongress tanzt (O Congresso Dança), Erich Pommer, Elisabeth Bergner, Conrad Veidt e Fritz Kortner. Como nenhum outro, Goebbels havia reconhecido a importância do filme como instrumento cultural. Em setembro do mesmo ano, a Câmara do Filme foi incorporada pela recém-criada Câmara da Cultura do Reich. A filiação de todos os artistas era obrigatória, só seus membros podiam exercer a profissão.
Desta maneira, o regime nazista pôde impedir muitos artistas de subir ao palco, simplesmente rejeitando a filiação à Câmara. Como em todos os demais setores da vida alemã, também os bens das empresas judaicas foram confiscados pelo regime de Hitler. Cinco mil produtores de filmes, principalmente judeus, mas também dissidentes políticos, foram pressionados a deixar seus trabalhos.
Apesar do grande êxodo de artistas alemães em 1933 e anos seguintes, muitos artistas, técnicos e cineastas permaneceram no país, subjugando-se e ajudando a fortalecer o regime totalitário. Depois da guerra, em 1945, muitos não reconheceram isso e rejeitaram as críticas da opinião pública, que os acusou de colaboracionismo.
"Hoje, quando nós falamos sobre aquilo que aconteceu, com pessoas que nunca estiveram dentro de um Campo, tudo parece incompreensível para elas.O fato de sermos tantos dentro do Campo e de serem tantos aqueles que nos aprisionavam deveria deixar bem claro tudo o que se passou naquela época. Muitos daqueles que representaram o papel de prisioneiros tinham sido educados dentro dos mesmos princípios do que aqueles que representaram o papel de guardas e poderiam substituí-los perfeitamente. Seu país era o mesmo e tinham trabalhado juntos para o seu desenvolvimento e progresso. Se não tivessem sido nomeados vítimas, poderiam ter desempenhado a função de guardas."