sexta-feira, 11 de setembro de 2009

Joseph Roschneski


"E agora, o que você quer que eu diga? Eu lhe conto. Eu lhe conto o que aconteceu, mas não me peça para sentir raiva. Não me peça para sentir amor ou compaixão. Não me peça para entender. Para entender o que fizeram conosco; para entender como eu sobrevivi. Chegamos naquele inferno, depois e cinco dias de viajem. No segundo dia nossas provisões já haviam acabado. Éramos oitenta e nove no vagão. Fazíamos nossas necessidades sobre a palha. Muitos estavam doentes. Oito estavam mortos. Poucos minutos depois da nossa chegada havíamos perdido tudo; nossas mulheres, nossos filhos, documentos, fotografias. Tudo. E logo seria a nossa humanidade. O céu era vermelho. O ar estava sujo de fumaça e a fumaça tinha um cheiro de coisa doce, chamuscada. Era a fumaça que permaneceria para sempre. Nos vigiando do outro lado dos barracões." 

Joseph Roschneski



*por Fernando Arze

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