No dia 13 de junho de 1988, o conglomerado Daimler-Benz anunciou, em Stuttgart, o pagamento de 20 milhões de marcos a título de indenização às pessoas obrigadas a trabalhar em suas fábricas durante o regime nazista.
Noventa por cento das empresas alemãs se beneficiaram do trabalho de escravos ou semiescravos recrutados pelos nazistas durante a Segunda Guerra Mundial. Nem todas reconhecem sua responsabilidade histórica e estão dispostas a colaborar com a indenização dos sobreviventes.
A Daimler-Benz foi uma das primeiras a reconhecer esta responsabilidade. Em 1988, a empresa decidiu destinar 20 milhões de marcos para a indenização de ex-trabalhadores forçados. Três anos antes, havia começado uma investigação da história da empresa, especialmente durante os anos da guerra, para a qual a Daimler-Benz encarregou uma equipe de professores e historiadores.
Responsabilidade moral
O objetivo era não só indenizar as vítimas financeiramente, mas também assumir a responsabilidade moral diante delas. Na época, metade do dinheiro foi canalizado para organizações não-judaicas, pois a maioria dos trabalhadores forçados não era desta confissão.
A empresa foi uma das que mais tirou proveito dos trabalhadores forçados, vindos em grande parte do Leste Europeu, entre 1933 e 1945. Desde 1941, a Daimler-Benz vinha produzindo acima de tudo material bélico, como motores para aviões, veículos de combate e embarcações ligeiras.
A crise de mão-de-obra era grande, já que quase todos os homens estavam nas frentes de guerra. No início, o regime nazista incentivou a vinda de mão-de-obra dos países vizinhos para a produção nas fábricas. Mais tarde, importou mão-de-obra dos países derrotados, pois só assim conseguiu continuar sustentando sua máquina de guerra.
No total, durante os anos que durou o conflito, 46 mil pessoas foram obrigadas a trabalhar para a Daimler-Benz. No final de 1944, em toda Alemanha, havia 7,7 milhões de trabalhadores forçados na agricultura e na indústria. Suas condições de vida eram precárias. Os nazistas haviam imposto uma rígida hierarquia racista, que dava preferência aos trabalhadores voluntários da Europa Ocidental.
Menos privilegiados, em condições quase desumanas, viviam os prisioneiros de guerra das mesmas nações vizinhas ocidentais. Mais abaixo, vinham os trabalhadores arregimentados do leste e do sul da Europa. Piores ainda eram as condições dos prisioneiros dessa região e dos campos de concentração.
O dinheiro, em 1988, foi doado a instituições de caridade que trabalhavam com sobreviventes dos trabalhos forçados no exterior. O pagamento, no entanto, não significou para o conglomerado o encerramento deste importante capítulo de sua história. Em 1999, a Daimler-Benz foi uma das iniciadoras do fundo formado pela iniciativa privada e pelo governo alemão para indenizar sobreviventes dos trabalhos forçados.
*pesquisa feita por Antonio Barboza.
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